A Dificuldade de Ser
16,00 €
- ISBN: 9789898833693
- Depósito legal: 496448/22
- Edição: 04/2022
- Idioma: Português
- Nº Páginas: 208
- Tipo: Livro
- Estado: Novo
- Editora: Sistema Solar
- Autor: Cocteau, Jean
- Tradutor: Fernandes, Aníbal
Tema: Ensaio
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Descrição
Jean Cocteau: «No fim de contas tudo tem solução, salvo a dificuldade de ser, que não tem solução nenhuma. É preciso, repito-o, compreender que a arte não existe enquanto arte, enquanto coisa separada, livre, desembaraçada do criador, e só existe se prolongar um grito, um riso ou um lamento. É o que leva certas telas de museus a fazerem-me sinais e viverem com angústia, enquanto outras estão mortas e só mostram os cadáveres embalsamados do Egipto. [Jean Cocteau]
Em 1947 A Dificuldade de Ser tinha surgido como seu auto-retrato íntimo, espalhado por trinta e um textos de títulos à moralista clássico e a lembrarem-se de uma frase de Fontenelle no leito de morte: «Sinto uma dificuldade de ser.» André Fraigneau (num dia de diálogos): Por que escreveu A Dificuldade de Ser? Cocteau: O impudor é o meu heroísmo; lavo a roupa suja em público. Além disso, eu podia trabalhar ali o estilo que me agrada: Montaigne, Stendhal, o Código de Napoleão, o Hugo das Choses vues e Balzac que escreve muito bem, desculpe que lho diga. André Fraigneau: Para si, Balzac escreve bem? Cocteau: Ah, sim! Ele diz o que quer dizer. O estilo é isso. O mau estilo é Flaubert, o das pessoas que fazem poses. Devemos procurar ser exactos como os algarismos e, custe o que custar, dizer o que queremos dizer; acertar no alvo sem as poses do atirador presunçoso. Flaubert é o atirador presunçoso. Há no seu túmulo este aviso: Continuo convosco. E quarenta e oito anos antes tinha escrito no poema «Discurso do Grande Sono»: Uso uma tinta que é o sangue azul de um cisne, E sempre que é preciso ele morre para estar mais vivo. [Aníbal Fernandes]
Em 1947 A Dificuldade de Ser tinha surgido como seu auto-retrato íntimo, espalhado por trinta e um textos de títulos à moralista clássico e a lembrarem-se de uma frase de Fontenelle no leito de morte: «Sinto uma dificuldade de ser.» André Fraigneau (num dia de diálogos): Por que escreveu A Dificuldade de Ser? Cocteau: O impudor é o meu heroísmo; lavo a roupa suja em público. Além disso, eu podia trabalhar ali o estilo que me agrada: Montaigne, Stendhal, o Código de Napoleão, o Hugo das Choses vues e Balzac que escreve muito bem, desculpe que lho diga. André Fraigneau: Para si, Balzac escreve bem? Cocteau: Ah, sim! Ele diz o que quer dizer. O estilo é isso. O mau estilo é Flaubert, o das pessoas que fazem poses. Devemos procurar ser exactos como os algarismos e, custe o que custar, dizer o que queremos dizer; acertar no alvo sem as poses do atirador presunçoso. Flaubert é o atirador presunçoso. Há no seu túmulo este aviso: Continuo convosco. E quarenta e oito anos antes tinha escrito no poema «Discurso do Grande Sono»: Uso uma tinta que é o sangue azul de um cisne, E sempre que é preciso ele morre para estar mais vivo. [Aníbal Fernandes]