Natália Correia, 10 anos depois…
15,00 €
- ISBN: 9789729350809
- Depósito legal: 206043/04
- Edição: 2003
- Idioma: Português
- Dimensões: 21,7x21,9x0,5 cm
- Nº Páginas: 81, [3] p.
- Tipo: Livro
- Estado: Novo
- Editora: Faculdade de Letras da Universidade do Porto
- Autor: AAVV
Tema: Ensaio
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Descrição
Natália Correia acharia graça a que a celebração apesar de tudo precoce da sua obra - para o meio português ainda cativo do seu anedotário e da sua lava -, matricialmente antifrancesa, fosse iniciativa de uma Secção de Estudos Franceses, capela desses voos rasteiros que foram contaminando o excessivo, nocturno, magnífico século XVIII português ... Mais inclinada à Itália, londrina de electiva afinidade (e de Inglaterra não chegam hoje ecos de uma sua leitura dedicada, a par de Fernando Pessoa?), a desconcertada poeta dos raros versos em Francês da sua Poesia Completa viria a reconhecer neles uma emergência de uma língua materna universal, ponto ou a tal ilha encantada onde Natália diz que nos esquecemos das palavras e onde nunca algum dia teremos repouso, apagamento que reune começo e fim, o espírito.
Feiticeira e Cotovia da abolição dos contrários, casando astros na inversão das roseiras, insinuando a monja na fêmea e o iberismo num Dom Juam que se encontra na Unica, persiste, a um tempo por coerência e paradoxo, numa assim inesperada irresolução do seu pensamento que reside no sacrifício histórico da vocação romântica nacional ao racionalismo postiço de além-Pirenéus. Natália Correia derrubou paredes, como o comparatista no exercício de um seu reflexo natural, intuiu a fusão do Barroco e do Romantismo em Portugal,correspondeu a Almeida Garrett que anunciava inventar a vacina para a já antiga moléstia peninsular, transportou o soneto para o futuro e regressou, não querendo, é claro, que de mero regresso se tratasse, às canções de amigo e às bailias, na era nuclear.
Denunciou, no fundo, a mais doutoral das leviandades que despoja o contemporâneo de Dom Dinis, de quem sempre se considerou neta.
Ela, em quem as intuições sempre foram ponto de chegada, não pode, contudo, intuir que um dia esse Classicismo francês que tanto deplorava no espartilho dos seus regrados compartimentos viria, ele também, a ser invertido, num movimento tão nataliano, ao ponto de, a partir das duas últimas décadas do século XX, o Grand Siècle ser investigado nos subterrâneos do clandestino, do sombrio, do interdito, da graça, até do seu tão querido irracional ... Poderei mesmo resumir a direcção dos actuais estudos literários sob Luís XIV, o rei da luz, no mesmo modo genial com que subintitulou a sua obra maior: O Sol nas Noites e o Luar nos Dias.
Imagino-a a sorrir, agradada ou maliciosa? Mas a Natália Correia não teria eu nunca surpreendido.
Cristina A.M. Marinho
Feiticeira e Cotovia da abolição dos contrários, casando astros na inversão das roseiras, insinuando a monja na fêmea e o iberismo num Dom Juam que se encontra na Unica, persiste, a um tempo por coerência e paradoxo, numa assim inesperada irresolução do seu pensamento que reside no sacrifício histórico da vocação romântica nacional ao racionalismo postiço de além-Pirenéus. Natália Correia derrubou paredes, como o comparatista no exercício de um seu reflexo natural, intuiu a fusão do Barroco e do Romantismo em Portugal,correspondeu a Almeida Garrett que anunciava inventar a vacina para a já antiga moléstia peninsular, transportou o soneto para o futuro e regressou, não querendo, é claro, que de mero regresso se tratasse, às canções de amigo e às bailias, na era nuclear.
Denunciou, no fundo, a mais doutoral das leviandades que despoja o contemporâneo de Dom Dinis, de quem sempre se considerou neta.
Ela, em quem as intuições sempre foram ponto de chegada, não pode, contudo, intuir que um dia esse Classicismo francês que tanto deplorava no espartilho dos seus regrados compartimentos viria, ele também, a ser invertido, num movimento tão nataliano, ao ponto de, a partir das duas últimas décadas do século XX, o Grand Siècle ser investigado nos subterrâneos do clandestino, do sombrio, do interdito, da graça, até do seu tão querido irracional ... Poderei mesmo resumir a direcção dos actuais estudos literários sob Luís XIV, o rei da luz, no mesmo modo genial com que subintitulou a sua obra maior: O Sol nas Noites e o Luar nos Dias.
Imagino-a a sorrir, agradada ou maliciosa? Mas a Natália Correia não teria eu nunca surpreendido.
Cristina A.M. Marinho