Viajar com… Guerra Junqueiro

CRÍTICAS DE IMPRENSA
"(...) esta colecção procura contemplar o que não só mais veramente fundamenta o estro literário dos autores que inventaria, como, a pretexto de tal e das suas dependências geográficas, propõe uma espécie de roteiro turístico-literário, motivo pelo qual cada um destes volumes se apresenta com um mapa geológico e bibliográfico impresso na contracapa desdobrável. A percorrer e a ler."
Ramiro Teixeira, das Artes das Letras, 31 de Outubro de 2005
EXCERTOS
«Quis mentalmente viver a vida singela e primitiva de boas e santas criaturas, que atravessam um mundo de miséria e de injustiças, de vícios e de crimes, de fomes e de tormentos, sem um olhar de medição para a natureza, sem uma palavra de queixume para o destino. E então encarnei, por assim dizer, no pastor grandioso e asceta, na moleirinha octogenária e sorridente, no cavador trágico, nos mendigos bíblicos, na mansidão dos bois arroteando os campos e nas lavaredas d'oiro do castanheiro, aquecendo a velhice, alegrando a infância, iluminando a choupana. E, depois de uma existência de sacrifício e de pureza, de abnegação e de bondade, deitei esses ingénuos e pobres aldeões na terra misericordiosa e florida do campo-santo, pondo-lhes por cima das sepulturas rasas o Céu maravilhoso e cândido, que em vida sonharam e desejaram. É claro que essas figuras não são inteiramente reais, da realidade estrita, efémera e tangível. Criei-as, ou antes, completei-as com a minha alma, com o meu próprio ideal.» Guerra Junqueiro ("Topografia Literária")
«Quis mentalmente viver a vida singela e primitiva de boas e santas criaturas, que atravessam um mundo de miséria e de injustiças, de vícios e de crimes, de fomes e de tormentos, sem um olhar de medição para a natureza, sem uma palavra de queixume para o destino. E então encarnei, por assim dizer, no pastor grandioso e asceta, na moleirinha octogenária e sorridente, no cavador trágico, nos mendigos bíblicos, na mansidão dos bois arroteando os campos e nas lavaredas d'oiro do castanheiro, aquecendo a velhice, alegrando a infância, iluminando a choupana. E, depois de uma existência de sacrifício e de pureza, de abnegação e de bondade, deitei esses ingénuos e pobres aldeões na terra misericordiosa e florida do campo-santo, pondo-lhes por cima das sepulturas rasas o Céu maravilhoso e cândido, que em vida sonharam e desejaram. É claro que essas figuras não são inteiramente reais, da realidade estrita, efémera e tangível. Criei-as, ou antes, completei-as com a minha alma, com o meu próprio ideal.» Guerra Junqueiro ("Topografia Literária")