Ao Ouvido do Diabo
10,00 €
- ISBN: 9789898828620
- Edição: 12/2018
- Idioma: Português
- Nº Páginas: 56
- Tipo: Livro
- Estado: Novo
- Editora: Companhia das Ilhas
- Autor: SOUSA, RUI XEREZ DE
Tema: Literatura Portuguesa, Poesia
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Descrição
Não importa muito se um livro de poemas vai ou não salvar a pele de quem o ler. o que vale é ouvir o que está dito e, neste ao ouvido do diabo de Rui Xerez de Sousa, seguir os passos, ouvindo-os, como quem acompanha um bicho ao açougue, procurando até entendimento com quem se atreveu à escrita. e tanto vale procurar os veios que podem levar mais acima - a uma espécie de ternura amorosamente explicitada - como afundar nas lamas mais abaixo que, sem surpresa, as naturezas fazem deslizar e o escriba pode esclarecer.
Talvez haja confissões, desprezando a biografia, e desmesuras com o novelo do mundo. Não será uma humanidade absolutamente desolada a que entra e sai destas linhas mas também não é uma cruzada de arco-íris. As coisas são o que são e esta é uma poesia que, julgo, descola daí, mas desfazendo a nitidez da dor. a propósito da sintaxe, creio saber porque me ocorreu pensar na pintura de Caravaggio, nos pés, mãos e unhas gastas das personagens, ou no sagrado que sobrevive ainda rente às falas despreocupadas de cada um de nós por aí. o que vai escrito leva muitas vezes o lodo do que se diz, o que é uma riqueza, e se pressentimos a honestidade nas palavras é porque a verdade e a beleza andam juntas e muito perto. a poesia tem destas coisas, a falarmos uns para os outros é que nos entendemos - ou não - e ao ouvido do diabo descontrola o certo e o previsível.
É um afiar de lâmina para um qualquer ajuste de contas, sim, poderá ser, mas também oferece o aroma para dias mais claros, menos injustos. e verdade seja dita: a releitura torna o livrinho ainda mais amigo.
Abel Neves
Talvez haja confissões, desprezando a biografia, e desmesuras com o novelo do mundo. Não será uma humanidade absolutamente desolada a que entra e sai destas linhas mas também não é uma cruzada de arco-íris. As coisas são o que são e esta é uma poesia que, julgo, descola daí, mas desfazendo a nitidez da dor. a propósito da sintaxe, creio saber porque me ocorreu pensar na pintura de Caravaggio, nos pés, mãos e unhas gastas das personagens, ou no sagrado que sobrevive ainda rente às falas despreocupadas de cada um de nós por aí. o que vai escrito leva muitas vezes o lodo do que se diz, o que é uma riqueza, e se pressentimos a honestidade nas palavras é porque a verdade e a beleza andam juntas e muito perto. a poesia tem destas coisas, a falarmos uns para os outros é que nos entendemos - ou não - e ao ouvido do diabo descontrola o certo e o previsível.
É um afiar de lâmina para um qualquer ajuste de contas, sim, poderá ser, mas também oferece o aroma para dias mais claros, menos injustos. e verdade seja dita: a releitura torna o livrinho ainda mais amigo.
Abel Neves