Não vi o livro, mas li o filme

[…] jogando com as palavras, ao inverter um lugar-comum cultural (“Não li o livro, mas vi o filme”), procurava chamar a atenção para duas questões fundamentais: por um lado, o facto de o cinema se poder comparar não apenas com a literatura, mas também com as outras ar-tes, numa estratégia que procurava novos caminhos para a modernidade crítica; por outro, o problema de o texto fílmico ser susceptível de ser lido enquanto tal, interagindo, inclusive, com outros textos fílmicos. […] o cinematográfico pode depender do literário, mas constitui-se como alternativa significativa, na procura de uma linguagem própria, um texto em si, não obrigatoriamente redutível a outro, que o precede. O filme lê-se sem a necessidade da pre-sença do romance