Norte dos pilotos, guia dos curiosos – um livro de marinharia do séc. XVIII

O trabalho que apresentamos, foi-nos sugerido pelo Alm. Max Justo Guedes durante a frequência no
Rio de Janeiro do Seminário de Náutica e Cartografia, incluído no curso de mestrado, depois de termos manifestado o
interesse em que a nossa dissertação incidisse sobre aspectos de carácter náutico.
O então comandante Max Justo Guedes propôs-nos um estudo crítico de um manuscrito inédito do século XVIII,
existente na Biblioteca da Marinha (Rio de Janeiro), organismo integrado no Centro de Documentação da Marinha
que aquele oficial dirigia.
O manuscrito em causa é o Norte Dos Pilotos Guia dos Curiozos, Em Que Se Contem Os Pontos Mais Dificeis da Navegação.
Composto por Manuel dos Sanctos Rapozo. Oferecido ao Excelentíssimo Senhor D. Luis Henriques, tendo-nos sido fornecido o microfilme do mesmo. Uma cópia desse manuscrito, obtida do microfilme, segue em Apêndice a este trabalho.
A obra original, pertenceu ao contra-Almirante da Marinha Portuguesa, Pedro Celestino Soares, sendo constituída
por dezanove capítulos distribuídos por 239 páginas.
O autor da obra, Manuel dos Sanctos Rapozo teria sido Piloto e Cartógrafo de alguma nomeada.
O conteúdo do Norte dos Pilotos corresponde às técnicas náuticas utilizadas na marinha portuguesa nas primeiras
décadas do século XVIII e mostra ainda como se manobravam e aparelhavam os navios da época, dando também
muitas noções práticas de táctica naval.
Atendendo ao facto de que se tem principalmente estudado a náutica dos séculos XV e XVI, e que se considera
que a náutica portuguesa não só estagnou em relação à das suas congéneres europeias como entrou em acentuada
decadência, pensámos que seria oportuno efectuar um estudo da sua evolução, comparando-a, na medida do possível,
com o que se praticava no estrangeiro.
Admitimos que para se analisar como se navegava de facto e como se manobravam os navios, torna-se necessário
estudar os poucos diários de navegação deixados pelos nossos pilotos, as rotas por eles seguidas e os roteiros usados, dado que as informações neles contidas relativas a métodos de condução da navegação e à manobra, correspondem de facto à aplicação prática dos procedimentos preconizados pelos manuais elaborados em terra.
Foi esta a razão pela qual se aprofundou o estudo dos referidos diários e roteiros, que nos permitiram percorrer as
diferentes épocas em estudo e extrair as adequadas conclusões.
in Introdução