Sermões Padre António Vieira – edição crítica – 2 volumes
79,00 €
- ISBN: 9789722716499
- Depósito legal: 269827/08
- Edição: 2008
- Idioma: Português
- Dimensões: 24,5x17,2x4,5 cm
- Nº Páginas: 2 v.
- Tipo: Livro
- Estado: Novo
- Editora: Imprensa Nacional - Casa da Moeda
- Autor: Castro, Aníbal Pinto de, VIEIRA, ANTÓNIO
Tema: Filosofia
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Descrição
«Ou mereceis os prémios, que vos faltam, e com que vos faltam, ou não: se os não mereceis, não tendes de que vos queixar; se os mereceis, muito menos. Ainda não sabíeis que não há virtude, nem merecimento, sem prémio? Assi como o vício é o castigo, assi a virtude é o prémio de si mesma. O maior prémio das acções heróicas é fazê-las. Com melhores palavras o disse Séneca, porque falava em melhor língua: Quid consequar (inquis) si hoc fortiter, si hoc grate fecero? Quod feceris: Se me perguntas que hás-de conseguir pelo que fizeste, ou forte, ou generosamente, respondo-te que tê- lo feito. Rerum honestarum pretium in ipsis est.».
«Primeiramente só Cristo amou, porque amou sabendo: Sciens. Para inteligência desta amorosa verdade, havemos de supor outra não menos certa, e é, que no mundo, e entre os homens, isto, que vulgarmente se chama amor, não é amor, é ignorância. (…) Pinta-se o Amor sempre minino; porque ainda que passe dos sete anos, como o de Jacob, nunca chega à idade de uso de razão. Usar de razão, e amar, são duas cousas, que não se ajuntam. A alma de um minino, que vem a ser? Uã vontade com afectos, e um entendimento sem uso. Tal é o amor vulgar. Tudo conquista o amor, quando conquista uã alma; porém o primeiro rendido é o entendimento. Ninguém teve a vontade febricitante, que não tivesse o entendimento frenético. O amor deixará de variar, se for firme, mas não deixará de tresvariar, se é amor. Nunca o fogo abrasou a vontade, que o fumo não cegasse o entendimento. Nunca houve enfermidade no coração, que não houvesse fraqueza no juízo. (..) E como o primeiro efeito, ou a última disposição do amor, é cegar o entendimento; daqui vem, que isto, que vulgarmente se chama amor, tem mais partes de ignorância: e quantas partes tem de ignorância, tantas lhe faltam de amor. Quem ama, porque conhece, é amante, quem ama, porque ignora, é néscio. Assi como a ignorância na ofensa diminui o delito, assi no amor diminui o merecimento. Quem ignorando ofendeu, em rigor não é delinquente. Quem ignorando amou, em rigor não é amante.»
«Primeiramente só Cristo amou, porque amou sabendo: Sciens. Para inteligência desta amorosa verdade, havemos de supor outra não menos certa, e é, que no mundo, e entre os homens, isto, que vulgarmente se chama amor, não é amor, é ignorância. (…) Pinta-se o Amor sempre minino; porque ainda que passe dos sete anos, como o de Jacob, nunca chega à idade de uso de razão. Usar de razão, e amar, são duas cousas, que não se ajuntam. A alma de um minino, que vem a ser? Uã vontade com afectos, e um entendimento sem uso. Tal é o amor vulgar. Tudo conquista o amor, quando conquista uã alma; porém o primeiro rendido é o entendimento. Ninguém teve a vontade febricitante, que não tivesse o entendimento frenético. O amor deixará de variar, se for firme, mas não deixará de tresvariar, se é amor. Nunca o fogo abrasou a vontade, que o fumo não cegasse o entendimento. Nunca houve enfermidade no coração, que não houvesse fraqueza no juízo. (..) E como o primeiro efeito, ou a última disposição do amor, é cegar o entendimento; daqui vem, que isto, que vulgarmente se chama amor, tem mais partes de ignorância: e quantas partes tem de ignorância, tantas lhe faltam de amor. Quem ama, porque conhece, é amante, quem ama, porque ignora, é néscio. Assi como a ignorância na ofensa diminui o delito, assi no amor diminui o merecimento. Quem ignorando ofendeu, em rigor não é delinquente. Quem ignorando amou, em rigor não é amante.»